sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Nunca dizer desta água não beberei

Seguiam tu e ele pelo bosque, de mãos vazias, no retorno de uma frustrante incursão aos cogumelos. A copa das árvores não os deve ter deixado ver o relâmpago, porque o ribombar do trovão apanhou-os completamente de surpresa, e ainda não estavam refeitos do susto quando a tromba de água se abateu sobre os dois.

Largaram em corrida desesperada pelo trilho enlameado. Dois quilómetros mais à frente, ensopados e com os pulmões a arder do esforço, encontraram abrigo na velha casa florestal abandonada. Arfando, de faces ruborizadas e por vezes rindo sem saber porquê, ficaram os dois no alpendre da construção arruinada a assistir ao espectáculo dos elementos.

— Os céus estão a ter um orgasmo — disseste com naturalidade, e pelo canto do olho observaste-lhe a reacção. Ele nada disse, talvez porque o inesperado comentário lhe secasse a resposta na garganta, talvez porque a trovoada tivesse abafado as tuas palavras. Talvez...

Ficaste mais uns segundos a fingir que te maravilhavas com os relâmpagos e depois viraste-te e entraste na casa, aproveitando o movimento para inspeccionar com o teu olhar treinado as vizinhanças da braguilha dele: uma poderosa tumefacção gritava para saltar cá para fora. Talvez a trovoada não fosse tão forte assim...

Percorreste a penumbra das divisões atulhadas de caliça caída do tecto e folhas sopradas pelo vento com ele sempre atrás de ti. De repente deste meia volta e fizeste-o parar com uma mão no peito e outra no chumaço das calças. Em menos de um ai já estavas de joelhos e a piça dele estava cá fora, dura como pedra, não fossem as grossas veias que pulsavam com vida.

Abocanhaste-a com sofreguidão, engolindo-a quase até te engasgares. Repetiste duas ou três vezes e depois entrou a língua em acção, rodeando-lhe o talo como a serpente do Paraíso à volta da árvore do conhecimento do bem e do mal. Depois mordiscaste-lhe a glande, uma ou outra vez exagerando um pouco, ao que ele reagiu com um leve estremecimento de dor — ou talvez de prazer, pois no limite da audibilidade disse-te «Sim, sim, faz assim...». Voltaste ao entra-e-sai, agora com mais insistência, e a certa altura sentiste-lhe o pau a ficar com a tensão que prenuncia a explosão, como o ar antes de uma trovoada de verão. Paraste.

Por esta altura já estavas toda molhada. Não apenas na roupa, da chuva, mas também na cona, que pingava e fremia de antecipação. Estiveste quase a levantar-te para saciar o rugido que te consumia entre pernas, mas, sabe-se lá porquê — certamente contra as tuas declaradas preferências —, naquele fim de tarde de Outono a sede dos teus lábios levou a melhor sobre a quase sempre vencedora fome da tua cona, e as pernas recusaram-se a erguer-te.

Olhaste para cima: na semi-obscuridade da casa florestal conseguias ver-lhe o brilho dos olhos, e ele via certamente a chama lubricosa que irradiava dos teus. Quando a luz de mais um relâmpago iluminou por breves instantes a cena, engoliste-lhe de novo o caralho, mais fundo e com mais determinação do que antes.

A piça dele desaparecia na tua boca e assomava de novo, uma e outra vez. Com o fôlego ainda não totalmente refeito da fuga à chuva, a que se somava a excitação, respiravas pelo nariz, inspirando com sofreguidão e expirando ruidosamente, em crescendo notório. Crescente era também a cadência do vaivém, e da urgência com que mamavas. Lá fora os trovões tinham já sossegado e no silêncio da casa — dir-se-ia que dezenas de metros à volta dela, mesmo — só se ouvia a tua respiração modelada pelo desespero da tusa.

Enquanto chupavas ergueste os olhos e ele leu-te neles que aquilo não eram preliminares, que a tua boca clamava por receber a esporra dele. Então, todo o autocontrolo que a custo congregara se lhe desvaneceu. Tu insististe com mais convicção, sugando como se a tua vida dependesse disso, e após um clímax que sentiste nos lábios, numa explosão libertadora, ele inundou-te a boca com o leite espesso e quente, enquanto te enfiava os dedos nos cabelos rebeldes.

Lambias ainda os lábios lambuzados de esperma quando te levantaste, um olhar maroto a iluminar-te a cara.

Hmmm, divinal, mon cher! Adorei o teu recheio — disseste.

— F...foi de-li-ci-o-so... — silabou ele, quase tão sem fôlego quanto tu. — Apanhaste-me totalmente de surpresa, Méssaline. Tinha ideia que um broche all the way não fazia parte do teu menu de preferências...

— A boca, tal como a cona, tem razões que a própria razão desconhece. Hoje apeteceu-me assim, gargalo nos beiços e toca a aviar. De qualquer forma — disseste após uma pausa teatral —, eu nunca fui mulher de dizer desta água não beberei...

8 comentários :

  1. Messaline Salope

    Interessante...
    Kiss ***

    o.santo.diabinho@gmail.com
    http://desejosescaldantes.blogspot.com/

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  2. primeiro blog de textos eróticos/pornográficos que sigo. *

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    1. Merci, Luís.

      Sinceramente, sinto-me muito honrada pela sua revelação, mas só me apetecia dizer-lhe: muito honrada por ter sido comigo que “perdeu a virgindade” na blogosfera porno-erótica.
      ;)

      Bisous.

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    2. Méssaline,
      Eu sou mesmo virgem, tenho 29 anos de virgindade (não sou tão feio que ninguém me desejasse; desejaram; e ainda sou bonito; eu é que nunca desejei mesmo). Não estou aqui para me masturbar sobre as suas palavras. Somente me excita ler o que aqui escreve; vibro, sabe? As palavras são mesmo coisas mágicas, não?
      Beijos (onde os quiser, que beijos eu posso dar)

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    3. Ça alors! Com essa é que eu não contava. (Não com a efectiva virgindade de algum leitor — mas com a sua assunção.)

      Sim, as palavras são coisas realmente mágicas. (Julgo que é notório que as amo e acarinho...)

      Vá passando!

      Bisous. :*

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