sábado, 23 de agosto de 2014

Voyage, voyage (2):
Sexo zapatista

(parte 1)


Abro o livro Diana ou a caçadora solitária, em que Carlos Fuentes conta a sua efémera e tórrida paixão com a malograda actriz Jean Seberg.

Ela era tão voraz como eu desejoso de a satisfazer. Se o prazer masculino a que ela se referiu esta manhã era o simples, imediato, de me pôr em cima dela e vir-me,

Mau!...

nunca o fiz sem todos os preâmbulos, o foreplay, que a sabedoria sexual prescreve para satisfazer a mulher

A sabedoria... e o gosto, o prazer de fazer, senhor!

e levá-la até um ponto anterior ao culminar que conduza, com sorte, ao orgasmo partilhado, o coito emocionante, formado em partes iguais de carne e espírito: virmo-nos juntos, viajarmos até ao céu...

Simultâneo ou sequenciâneo, o que importa é que não seja nem demasiado cedo nem nunca mais.


[...] pedi-lhe um broche quando pressenti que ela queria mamar picha,

(A tradutora é de Lisboa, vê-se...)

que agarrá-la pela nuca e aproximá-la do meu pénis erguido, como se fosse uma escrava dócil, era o prazer que ambos desejávamos.

Nunca entendi esta fantasia masculina da felação como submissão; eu felo porque a minha boca gosta do sabor e de ficar cheia, porque os meus lábios ficam deliciosamente — e sensualmente — inchados, e também para ver o prazer do companheiro manifestar-se em palavras, interjeições, requebros brandos, gestos bruscos ou imobilidade absoluta.


Dei-lhe unguentos, reguei-a com champanhe uma noite, molhando-nos aos dois por entre gargalhadas;

Uauuu!

já falei do seu maravilhoso aroma vaginal de frutos maduros;

Aqui está um verdadeiro connaisseur!

passei-lhe a minha loção masculina nas axilas e entre as pernas; ela escondeu o seu próprio perfume atrás da minha orelha

Huuuuumm...


Lá se foi o repouso! Não sei em que ingenuidade súbita me deixei cair ao trazer um livro de um latino-americano para o château. Ainda para mais, este, que é mexicano e se atira ao sexo com ardor zapatista.


(continua)

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