Méssaline gosta do Norte e por isso vai várias vezes ao Porto, viagens e visitas de que guarda mui boas memórias. Da última vez, boca amiga deu-lhe a conhecer o slogan de Alexandre O’Neil que a atmosfera beata do Estado Novo não podia ter aceitado:
BOSCH É... BROM!
Méssaline ficou de boca aberta... de espanto...
De regresso, no comboio, meio de transporte da sua preferência pelas fantasias que inspira, Méssaline leu duas vezes — sim, duas seguidas — a última, e já extinta nas livrarias, publicação de Herberto Helder*, A morte sem Mestre, e não resiste a partilhar o poema-pórtico:
«Nunca estive numa só linha a tão vertiginosa altura,
Oh Anjo Príapo, oh Nossa Senhora Côna!
Quando nos vimos nus um em frente ao outro,
Em nossa primeira noite nos começos do mundo,
O putedo sai que entra pelos quartos à volta
— peço por isso que um qualquer erro de ortografia ou sentido
Seja um grão de sal aberto na boca do bom leitor impuro.»
* (Méssaline confessa que este poeta lhe desperta instintos lúbricos, com aquela língua de fogo, aquele trato arredio, aquele comportamento fugidiço...)
Dois grandes poetas de uma só vez?! Méssaline se surpasse! E desperta-me instintos lúbricos também!...
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