sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Todos os fogos o fogo

Lá fora, um frio cortante de uma noite de lua cheia.

Dentro do estúdio, o abraço dos sofás, as carícias das mantas de pele, o calor da lareira.

Dentro de mim, estas visões começam a fazer girar a minha mente enrubescida de desejo. Preparo chá quente e bombons e chamo-te. Estendo uma manta no chão e deito-me, nua. Cubro-me com outra manta e a textura do pêlo suave sobre a minha pele desperta-me palpitações conais. Tu demoras. Talvez o trânsito... Ligo-te e digo-te que tenho os dedos a preparar a temperatura e a humidade da gruta, que te vás inspirando para, quando chegares, te despires e entrares sem delongas. Às vezes gosto assim, que chegues e vás direito ao epicentro do meu fogo. Dizes-me que tens o pau rijo, peço-te que o mantenhas assim. Começo a sentir muito calor e destapo-me. Sinto o calor das labaredas a lamber-me a pele. Abro as pernas e o ardor das mil línguas do fogo aquece-me as entranhas. Finalmente, abres a porta, atiras com a roupa pelo chão e reparas no meu sorriso lascivo. Chamo-te:

— Vem, vem depressa!

Já sinto o calor do teu vergalho a empurrar-me a polpa da abertura. O terreno está tão amolecido e escorregadio, que deslizas até ao fundo do tobogã. Esperei tanto este deleitoso espetanço, que me venho de imediato. Paramos, digo-te que preciso de beber um pouco de chá. Sorvo um volumoso trago, abro-te a boca e faço-o escorrer para a tua. Olho-te nu, estás prontííííííssimo! As chamas da lareira e as das velas trançam arabescos de luz nos nossos corpos. Ajoelho-me no meio das tuas pernas, ergo-te o membro e digo-te que ele é a divindade a quem vou prestar culto. Agarro as magníficas bolas e levanto-as um pouco para desimpedir o caminho para a minha língua. Começo na base e rodeio-as devagar. Subo até à raiz da haste e volteio em seu redor. Largo-a e ela tomba, tesa, sobre o teu ventre. Abro a boca, percorro-te a flauta com a carne dos meus lábios e tu balbucias o canto interjectivo do gozo. Ergo-a novamente e desço a boca pelo rígido tronco. Subo-a e inundo-o de saliva que o deixa brilhante e escorrente. Paro e pergunto-te se me queres banhar a língua com a tua linfa. Aquiesces e eu anuncio-te que vamos a isso. Inicio um vaivém sobre o teu aríete, alternando subidas rápidas com descidas lentas e vice-versa, sem parar, destravadamente. Anuncias-me que está quase a chegar. Acelero o ritmo, a língua quase anestesiada do atrito, a garganta sufocada pelo embate já quase contínuo, o volume a aumentar, a dureza a intensificar-se... até que sai o primeiro jacto. Retiro a boca e abro-a sobre o ápice da piça, para assistir ao espectáculo da tua via láctea: primeiro em jorros, depois em borbotões, até aos gotejos finais. Fico com as mãos com grossos fios de nácar líquido que o fogo foca. Passo-os pelos lábios e fecho os olhos do prazer da degustação de tão saboroso gloss.

Repousamos a respiração deitados lado a lado. As chamas revestem os nossos corpos suados de uma luz suave. Reparamos que os fogos são mais do que os assinalados: os reflexos da luz das velas no tampo de vidro da mesa e nos vidros da janela, a lua, a lareira. Pego num bombom e meto-to na boca, como outro e digo-te que ainda há outro fogo.

— Onde? — perguntas.

— Aqui — respondo, metendo-te os dedos na minha cona.

Hum... De facto... que quente! És impossível, Méssaline.

Corrijo-te, sem retirar os teus dedos:

— Não. Sou impossuível.

Sento-me na tua cara e ordeno-te:

— Faz esta cona impossível ou impossuível vir-se outra vez.

— És fogo, mulher.

— Afoga-te no meu fogo.

6 comentários :

  1. Quero afogar-me no teu fogo.......
    uma das melhores antiteses que me recordo de ler.....:

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    1. Cher Charles,
      Em todo o rigor, «afogar-se no fogo» é um oximoro, não uma antítese.

      Quanto a afogar-se no meu fogo, outro oximoro: para alguém se afogar no meu fogo é preciso saber nadar.*

      * (Condição necessária mas não suficiente, já que estamos numa onde de formalismos lógico-retóricos...)

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  2. Texto muito bom, para não variar!
    Na forma, no conteúdo, no imaginário que desperta, nos desejos que acende...

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  3. De boas tentações está o inverno cheio! :D

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  4. ... e o verão (aqui), e o outono (aqui e aqui), e a primavera, em especial o final (aqui)...
    Bisous!

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