sábado, 14 de setembro de 2013

Fim de tarde na praia

É o fim da tarde, há poucas pessoas na praia. Chego, é a minha hora preferida: pela temperatura da água, a calma do mar, a ausência de vento, o quase silêncio de tão pouca gente. A uns metros de mim, uma silhueta deitada, imóvel. Um jovem moreno de olhos cravados no meu corpo. Olhos de morrer: grandes, profundos, escuros, perseguidores. Atiro-me à água com sofreguidão. Uma mão de seda fresca desliza-me pela pele. Não consigo evitar a atracção daqueles olhos. Lá estão eles, esfíngicos. Dou umas braçadas, olho em frente. Os últimos resistentes desertam o areal em pequenos grupos. Fixo o paredão defronte para evitar o olhar que sinto espetado nas costas. Volto-me, lá está ele. O corpo na mesma posição, o enchumaço já indisfarçável. Nado, provo a água salgada e antegozo o sabor daquele volume de carne visivelmente crescente. Esfrego os lábios um contra o outro, resvalo por eles a língua, saboreio a sensação e continuo a nadar. Volto-me de frente para o meu observador que permanece imóvel e me fita. Dirijo-me à praia, passo pelas ondas que se expandem em largos lençóis de espuma. Mergulho o corpo nela para desfrutar o frémito borbulhante. O sol passa tudo por uma demão de ouro: aquele corpo moreno, a superfície da água, a minha pele. Não me apetece abandonar o jogo e detenho-me com a rebentação espumosa. Correm-me gotas douradas pelo corpo e isso causa-me vertigens a que me entrego inteira. O meu observador levanta-se e dirige-se a mim. O coração sobe-me à boca.

— Está boa, a água?

— Muito agradável.

— A esta hora é sempre melhor.

— Eu também acho, por isso venho sempre no fim do dia.

Para nos ouvirmos melhor, aproximámo-nos. Os seus olhos queimam-me por dentro, a voz de veludo e a visão dos músculos definidos afiam-me a vertigem. Olho-o como quem quer saber exactamente o que se está a passar. Ficamos assim escassos instantes que se dilatam demasiado. Digo:

— Quer vir nadar? Não gosto de nadar sozinha.

Nadamos bastante lado a lado, saímos da água. Procuro a toalha para me deitar, ele traz a sua para junto da minha. Os seus olhos procuram sempre os meus, as mãos tocam-se sem ser por acaso. Paro e fito-o, desta vez, demoradamente. Deslizo as costas da mão pela sua pele. Que fresca e macia! Desço a mão até ao sexo. Que duro e quente! Ele assalta-me com um forte abraço e rebolamos na areia deserta. Os cabelos desgrenhados, os olhos presos uns nos outros, as bocas coladas.

— Para onde vamos?

— Para minha casa.

— Estás cá sozinha?

— Não, mas saíram todos. Espero-te naquele edifício, no 4.º F.

— Não tomes banho.

Corro da praia. Quem me visse, julgaria que fujo de uma ofensa sua. Mas tenho é um tropel no peito e no sexo. Galgo as ruas, entro em casa, arranjo a cama desfeita, troco o fato de banho e a saída de praia por um negligé, preparo chá quente e gelo. Tocam, abro a porta, caio naqueles braços vigorosos que me levam ao colo para o quarto aberto e me atiram para cima do leito. Bocas, línguas, mãos, saliva, ofegâncias, gemidos, e já entra em mim um pau rijo. Fodemos com fome feroz. Descreve tudo o que faz e vai perguntando:

— Gostas que te foda assim? Queres mais? Tens falta de piça ou és insaciável? Há quanto tempo não fodes?

Louca de prazer, ordeno-lhe que se deite, abro uma gaveta donde retiro uma venda, ponho-lha, mordisco-o nas orelhas, no pescoço, nos lábios. Excita-me o seu corpo que geme e treme ao comando das minhas carícias. Fica mais belo assim nu, vendado, exposto, disponível, com a dureza da piça a bradar por mais. A exposição de tanta beleza e daquele falo ardente à minha mercê desperta-me instintos obscuros onde se misturam confusamente carinho, dominação, fascínio. Expludo em avisos com a urgência de um desesperado:

— Vou chupar-te essa piça até me adormecer a língua. Vou montar-te até te esgaçar esse caralho divino. Vou foder-te até te rebentar os colhões.

Ele agita-se, perdido de tusa, oferece o corpo todo à selvajaria do meu desejo. Pergunto-lhe se tem sede. Sorvo um gole de chá quente e salpico-lhe o corpo. Contorce-se a cada gota porque não sabe onde vai cair a seguinte. Pergunto-lhe se está muito quente. Abocanho um cubo de gelo que lhe meto pela boca abaixo. Geme de gozo e de surpresa. Quer que continue, recuso-me. É essa a maneira de o castigar. Não estou ali para satisfazer os seus desejos, mas os MEUS. Ele está ao meu serviço, é meu escravo. Digo-lhe tudo isto e que se não quiser continuar que se vá embora. Ele não tem dúvidas de que quer avançar, a curiosidade açula-lhe o falo granítico. Dou-lhe mais chá, desta vez borrifando-o no corpo. Grita ao sentir aquela chuva quente, dou-lhe mais, mas em esguichos. Quero saber se está demasiado quente, faço escorregar um cubo de gelo pelo seu corpo arquejante. Pergunto-lhe:

— Estás a gostar? Diz-me se já alguma puta te fodeu assim. Estás quase a vir-te? Ah, não podes, ainda, porque eu não quero. Ainda hás-de dar muito prazer a esta cona antes de desafogares os colhões. Aqui não se fode assim. Montares-me e vires-te. Aqui, vens-te quando eu quiser.

Ele vibra, freme de gozo de tal maneira, que só lhe sai uma palavra que repete ritmicamente:

— Ah, puta, puta, puta…

Acaricio-lhe o períneo, o seu par de testículos, belo como os de um antigo atleta olímpico, aperto-lhe as sublimes nádegas. Retiro-lhe a venda e peço que me foda pela frente, com toda a força que tiver, até se vir na minha cara e boca. Alça-me em nuvens de prazer, em espasmos que me saem da cona, me correm pelo corpo, me desaguam nos braços, subitamente pesados de langor, de volúpia. Sinto-lhe um aumento de tensão insustentável na piça e percebo que é a detonação. Retira-a do meu corpo, ergue as pernas, curva-se sobre mim e explode aquela bomba de esporra na minha cara e na minha boca aberta para lhe acolher o néctar divino. Saboreio-o gulosamente, espalha-mo pela cara e mamas, lambo-o como quem degusta uma iguaria requintada. Abraça-me e pergunta-me:

— Como te chamas?

— Saberás se voltares a foder comigo. Até ao fim do mês, vou ao mar todos os fins-de-tarde.

3 comentários :

  1. Respostas
    1. Na altura da publicação original (aqui), foi mais rescaldo do Verão.
      Mas penso que o interesse da revista Erotika teve a ver precisamente com a aproximação da época estival, sim.

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  2. Fascinante. Lido como o estou a ler a meio de um Dezembro frio, recorda-me um fim de tarde no mar da Galiza, num mês de Abril já distante. Estava frio também mas não tanto como hoje. Lembro-me de como se aventurou no mar vestida de t-shirt e cuequinhas. Lembro-me como entrei no mar atrás dela. Nu...

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