domingo, 11 de agosto de 2013

Figos

Figos, pintura de Britta Loucas

Sozinha, pela Estrada Nacional 2, conduzo maquinalmente. Maquinalmente, porque tenho a cabeça cheia de sexo. Obsessiva, persistentemente. O lugar do sexo começa a ser preenchido com a imagem de um homem. Um qualquer, desde que tenha uma piça pronta para me foder. A imagem desce-me até ao meio das pernas e estaca lá. Espeta-se-me pela cona acima até ao útero, espalha-me ondas de prazer quase doloroso, faz-me subir uma baforada de calor por entre as mamas. Esta imagem de um macho começa a turvar-me a vista e preciso de parar. Escolho uma ligeira enseada à beira da estrada. Saio do carro para andar um pouco na esperança de expulsar o que levo no meio das pernas. O ar está tépido, é o fim da tarde. O sol já não atrapalha, só aquece a pele, lambendo-a com a sua língua de fogo brando. Há um talude vermelho e por cima dele implanta-se uma majestosa figueira cujos frutos e folhas perfumam o ar de um aroma espesso, doce sem ser enjoativo. Fecho os olhos e aspiro profundamente. A imagem do homem continua o seu trabalho abaixo do meu ventre, em que toco. Tem a consistência, a temperatura e a humidade do desejo. Subo o talude, não resisto a figos tão perfumados. Palpo-os. Estão maduros, entre o mole e o túmido. Arranco um e meto-o na boca. A imagem do homem mexe-se acima das minhas coxas. Saboreio o sabor delicado, inalo o intenso e quente perfume. Arranco outro e abro-lhe a boca vermelha, carnosa, escorregadia e pegajosa de tanto mel. Mordo-a com gula quase violenta, mas eis que os meus lábios suspendem este exercício. Foi um ruído de passos. Sem dúvida. O coração salta-me à boca. O que trazia dentro de mim desapareceu. As veias latejam-me como chicotes. Mais um sinal da presença de alguém. Já não tenho hipóteses de me esconder, só me resta fugir. Dou o primeiro salto e tu apareces-me. Paro. Deténs-te, inspeccionando-me de alto a baixo.

— Com que então a roubar figos?

Que vergonha me subiu à cara, me coseu a garganta e o corpo todo!

— Uma ladra de figos! hum… Que bela ladra!

E aproximavas-te. A piça a fazer-se tora. Eu não me mexi e permaneci muda.

Tiraste um figo, levaste-o à tua boca e fizeste-o rebolar nos lábios. Não o comeste. Disseste-me:

— Queres mais figos, não queres?

Roçaste-o pelo meu pescoço, deslizaste-o até ao rego das mamas e demoraste-o aí. Eu, quieta, a arfar. Meteste-me o figo na minha boca e levaste-o rapidamente à tua. Mordeste-o e engoliste-o. Crescia-te o enchumaço nas calças. Decidi investigá-lo. Que de aço! Voltou-me a sensação de peso no meio das pernas que pensara aliviar ali.

Hum, queres esse pau de figueira, queres, minha ladra de figos? Espera. Vamos brincar mais com os teus frutos queridos.

Colheste outro figo, meteste-mo na boca e ordenaste-me:

— Come, come-o todo.

Tiraste outro e quando eu pensava que mo ias dar a comer, rolaste-o sobre a minha pele até aos mamilos. Circundaste-os com o figo. E mordiscaste os mamilos e o figo alternadamente, perscrutando-me as reacções. Eu suspirava não de temor, mas já inteiramente de prazer. Já não queria parar aquele jogo. A opressão entre as pernas era já insuportável, empurrava-me o corpo para o teu. Arrancaste uma folha e deste-ma a cheirar e perguntaste-me se queria continuar. Eu respondi que sim, que sim, tu desabotoaste-me o vestido e afastaste-o para os lados do meu corpo. Com outro figo, acariciaste-me das mamas ao ventre, devagar, devagar, sempre perguntando se estava a apreciar. Desceste o figo até à minha cona, detiveste-te à entrada. Molhaste-o na cona encharcada, lambeste-o, deste-mo a lamber, sem me desvendar os olhos. Desfazias-te em interjeições, monossílabos, palavras soltas, frases curtas — fragmentos da tusa de que estavas visivelmente possuído, até que me perguntaste:

— Posso lamber o teu figo, comê-lo?

Abri bem as pernas e ordenei-te que me devorasses o figo que me inchava na cona. Disseste-me:

— Quero que me vejas a comer-te o figo maduro que tens aqui.

Já me tinhas enfiado os dedos, retiraste-os e baixaste-te. Lambeste-ma, com sabedoria, mordendo-a, titilando o clítoris, rodando a língua, introduzindo-a na minha gruta. Meteste nela um outro figo, esborrachaste-o, mesclaste-o com os lábios da cona, disseste-me que era saborosa, que a querias comer, que a ias foder até ela ficar rubra como a carne do figo esmagado, que te ia saber bem. Louca de prazer, implorei-te que me fodesses toda, agarrei-te o malho, encaminhei-ta para a cona, com ânsia. Quando entraste, vim-me imediatamente, o que te surpreendeu e disseste que querias ver-me a vir-me outra vez. Eu informei-te de que bastaria que me fodesses mais, com veemência, que me continuasses a excitar com aquelas palavras de tusa e me carregasses sobre o útero quando eu te pedisse. Fizemo-lo muitas vezes, até que o teu vaivém já não era tão sincopado, tinhas que parar para deter o leite que te subia até à ponta do teu pau incandescente. Eu senti a iminência da deflagração e perguntei-te se querias oferecer-me um colar de esporra. Tu ficaste tão excitado, que só tiveste tempo de tirar a piça e de ma apontares às mamas que me banhaste generosamente. Eu pedi-te para lamber as últimas gotas que provei com volúpia e gulodice e pedi-te para me ungires o colo com o teu saboroso leite. Obedeceste, maravilhado. Eu compus-me para me ir embora. Tornaste-me leve, sentia-me levantar voo em cada pequeno passo. Tu seguias os meus movimentos com o olhar, arrancaste mais um figo, deste-mo e perguntaste-me com gravidade:

— Se gostaste dos figos, porque não ficas mais tempo para comermos mais?

Sorri, abracei-te e prometi voltar… enquanto houvesse figos.

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